domingo, 14 de novembro de 2010

Mas afinal, o que é educação pela arte?

Pensando um pouco sobre arte educação...


Mas porquê a arte como metodologia?  (Texto de Alan Mendonça - Baseado no material do programa educação pela arte - Instituto Ayrton Senna)
A arte é capaz de educar por si mesma, sem se deixar instrumentalizar pela educação. Ela é uma via privilegiada para que crianças e jovens desenvolvam um
conhecimento sensível de si mesmos e da realidade, permite às crianças e jovens criar e recriar a si mesmos e ao mundo de forma sensível e criativa.
No campo da educação, contribui para que as crianças e jovens sejam capazes de dar novas formas ao ser, conviver, conhecer e produzir na sociedade em que vivem.
O exercício da liberdade criadora permite às crianças e jovens ter novas formas de pensar e de agir como profissionais.
Ao fazer e apreciar arte as crianças e os jovens constroem um conhecimento sensível de si e do mundo, por meio do desenvolvimento da sensibilidade, da percepção e da criatividade.
 “O mais importante, tanto na arte como na vida, é poder crescer, desenvolver o seu potencial”. Fayga Ostrower .
Sob o ponto de vista do Programa Educação pela Arte, o ensino de arte tem como proposta o fazer arte e a apreciação artística a partir de uma educação rica e inovadora, que assegure a visão multiculturalista, o conhecimento sensível do ser humano e do mundo, a vivência, a identificação e a incorporação de valores. 
Fazer e fruir arte são uma via privilegiada. O conhecimento sensível é um modo singular de conhecer, proporcionando outros modos de apreensão do real. O modo de ver, sentir, pensar e agir proporcionado pela arte torna nossa interação com o mundo mais rica, integrada, inventiva e humana, é capacidade da arte de educar por si mesma.
Contribui para que crianças e jovens conheçam melhor a si mesmos e ao mundo, transformando-se e realizando ações transformadoras no seu contexto (re-significação).
Nenhuma obra de arte é “neutra”! Toda obra de arte é carregada de significados e intenções. Toda expressão artística está ligada a outros campos da vida humana (filosófico, cultural, político, econômico e outros) e aos interesses, desejos e a singularidade do artista. Apreciar uma obra de arte é fazer uma leitura do mundo a partir da própria obra, do contexto em que foi criada e dos valores, conhecimentos e habilidades que o observador traz consigo.
Neste contexto, o educador tem um papel fundamental! Cabe a ele acolher os sentimentos, as idéias e a bagagem cultural do educando, além de traduzir saberes em situações didáticas, que sejam capazes de despertar no educando a vontade de apreender, interpretar, elucidar, e aperfeiçoar-se. Para que estas situações didáticas tenham êxito é necessário que o educador tenha domínio da linguagem artística, saiba pesquisar, planejar, introduzir, animar, coordenar, conduzir a um fechamento. Todas estas ações são guiadas por um conjunto de valores. Quando o educador tem clareza sobre os valores que existem por trás de suas decisões, pode direcionar seus esforços de modo mais produtivo e significativo.
O processo de construção durante as oficinas não está, inicialmente, voltado para o produto final, para o resultado estético da obra de arte e sim para o processo vivenciado pelo do próprio jovem, este produto (uma pintura, uma performance, uma letra de RAP) será uma conseqüência de sua expressividade.
As oficinas oferecidas são de: grafite (atividades de grafitagem nos muros previamente cedidos utilizando imagens e mensagens), break (reconhecimento do corpo, de um novo registro do corpo, de uma re-educação de suas potencialidades e funções), RAP (uma forma de expressar, cantando, e de re-elaborar vivências cotidianas de uma classe excluída, dar voz, o uso da palavra, da narração e de estórias de vida), teatro (que revê a gestualidade, a postura e a noção de espaço e de dramatização dos fatos da vida) e Oficina da Palavra (espaço para expressar, verbalmente e através da escrita, a violência cotidiana sofrida, sentimentos de abandono, de rejeição e preconceito).
Como temos como princípio básico a idéia de re-significação de valores e atitudes no campo das vivências que correm no dia a dia do Enxame, temos o cuidado de acompanhar, cada participante através do acompanhamento de suas estórias de vida. Cada intervenção do arte-educador deve fazer um sentido específico, mobilizar uma reflexão e desenvolvendo potenciais, vocações e habilidades identificadas ao longo das oficinas (atividades educativas). Trabalhar a partir da idéia de que o grupo é multifacetário e multicultural.
As oficinas são realizadas semanalmente no turno da manhã na sede do enxame com duração média de duas horas e meia.
Os jovens são estimulados a atuarem como multiplicadores, levando a metodologia da re-significação a suas escolas, comunidades, eventos, outras entidades e/ou no próprio Enxame, trabalhando, assim, o protagonismo juvenil, a responsabilidade social e a autonomia.
Ao fazer e apreciar arte na perspectiva multiculturalista as crianças e os jovens desenvolvem uma atitude de respeito e interesse por diversas formas de expressões artística e por diferentes grupos culturais presentes em suas comunidades e no contexto social mais amplo. Por isso trazemos referências da música brasileira, principalmente a nordestina, ampliando o olhar, trazendo a arte contemporânea e sua possibilidade de maior discussão numa perspectiva regional, universal e multicultural. Dessa forma trazemos a relação do RAP com a embolada, o repente e o cantador que conta as histórias do lugar onde vive.
O Enxame trabalha para tornar os jovens, sujeitos de seus atos e não personagens de uma história já traçada. A força que impulsiona a violência destes adolescentes não é apaziguada, mas canalizada para o desenvolvimento de belíssimas formas de artes.

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